Nas nuvens
Pela sombra não se pode ver a cor dos pés...
Não se pode vê-los caminhando pela linha do penhasco.
Se estão empoeirados ou marcados...
Caminhei até os céus e vi a cama das nuvens.
Queria me deitar nela...
Saber do cheiro e da textura...
Talvez limpar nela meus pés...
Também vi o Sol acariciando o chão...
Queria acariciá-lo também...
Quem sabe observando o sol eu poderia aprender...
Aprender a sutilmente tocar.
Quando me sinto bem em um lugar...
Sei que ele não é meu.
Mas fico feliz em saber que ele esta lá.
Posso visitá-lo em dificuldade deveras...
Quero ficar aqui.
Quero dormir aqui.
Nesta cama de nuvens...
O meu abajur será o sol.
E o meu teto sempre terá lindas estrelas...
Daqui verei o que quero e o que não querem que eu veja.
Poderei ofertar estrelas cadentes a quem eu amo...
E gritar com os trovões a quem odeio.
Preciso ficar aqui...
Aqui o vento é rápido o bastante para não trazer nomes.
Eu quero ficar.
Preciso descansar...
De mim, do que fiz e de muitos.
Sempre me disseram pra me amar...
Aqui eu me amarei mais.
Aqui é tão tranqüilo...
Sei que aqui não é meu lugar...
Mas porque não pode ser?
Aqui é frio, de um frio que não fere.
O sol é forte e radiante mas não incomoda.
Ele é humilde. Quase mudo em si.
Só para falarmos por ele...
Aqui é doce, e não engorda.
Aqui é bom.
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