Boca dada
Das horas que se vão quem vai contar?
Não é tão simples como parece...
Não é uma questão de dormir e depois acordar.
O meu rastro jamais irá em exato dizer
O que de fato houve ou porque tinha de ser
A minha boca não é minha única palavra.
A minha palavra escorre a partir dela
Molha corpo e a veste lava,
impregina no cheiro da mente.
Não veja só a boca dada!
Não seja inocente...
O que lhe corta não está tão amolado.
Sua pele é albina e seu entender é embaralhado.
Não olhe pra boca.
Pense em um pra quê.
Tem mais coisa oculta além do falar e do comer.
Há pedras lisas que despencam sem dó.
Quem vai nos salvar?
Um membro só?
Por isso repito e exagero:
Não olhe a boca!
Aí você me vê e eu te enxergo.
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