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Fugir

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 Despedir requer coragem  um passo preso antes  da liberdade.  Partir nem sempre é querer ir, é uma insatisfação que nos empurra a fugir. É um dilema em correr estando parado. É não poder amar mas querer ser amado. E fugir dá medo . Medo de perder o que deixar. Medo do pouco perto no longe nunca encontrar. Já é saudade aqui... Sem ainda partir. Talentos podem migrar mas não o mesmo abraçar.  Pode ser só frustração de tudo recomeçar.  Aquele defeito que ninguém ainda sabe... Aquela insônia calada até  que acabe. O lugar diferente não muda o sentir. Mas é tão forte a vontade de fugir! Talvez pelo fracasso que causei,  quem sabe a mudança no seu olhar quando errei. Não  dá  para sermos estranhos de novo, não dá para ter aquele sorriso puro um com outro. E você foi riso da madrugada tardia. E você colocou em mim a nota e a melodia. E você  abriu coração e retirou o peso. E você me abraçou forte e espantou meu medo. Não fujo de quem você  foi. fujo do que jamais seremos. Nós disto sabemos. 

Retina inversa

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    Admiro quem consegue pelas barras as nuvens ver... E vê nelas muitas imagens pelo seu próprio entender. Admiro quem ainda bloqueia os ruídos e consegue ouvir o cantar do vento lá  fora... Admiro quem age como livre estando preso e sem poder ir embora . Eu admiro quem rejeita a ânsia de vômito por palavras... Mesmo pisando em corregos de esgoto... Que não leva aos pulmões  o alheio desgosto. Admiro quem isso faz.  Admiro quem na dor diz 'bom dia' ... 'a paz!'. 

Árvore morta

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  Se pelo fruto se conhece a árvore... Não há nada em mim que adore.  A vida verde desbotada Ficou apática e dilacerada.  O vento me abraça em seus delírios... Diz para eu ter folhas coloridas Mas as minhas folhas são verdes opacas. Normais e não tão bonitas. Na verdade o vento sempre sussurra... Que meu tronco descama... Que ao seu percurso sou tortura. Não  segue o caminho ou procura. Pelo fruto se conhece a árvore... Então eu não tenho identidade.  ,

A mentira aceita

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Como alguém que abre a ferida  Que agora não mais cicatriza... Leio as mensagens antigas. Por que aceitei essas mentiras? Contei cada boa noite e bom dia Reli cada tempo de resposta  Revi cada linha. Foi um erro de proposta. Uma fadiga.  Vi eu sendo o cuidador descuidado Fui um tolo descaulculado  Por que acreditei ser amado? E foram tantos pedidos... Mas nenhum desejo realizado. Sobrou corpo feio marcado Cheio de dor num fim inacabado.  Mentira fere. Corta. Palavras grosseiras rasgam. Mas o que finaliza... É a troca não revelada É a traição. Alguns pedem desculpas  Outros dizem: Não foi minha intenção.     

Partida

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 E aqui estou,no mesmo lugar de partida... Onde parti sonhos ao meio porque não  podia carregar. Onde parti vaidade por muito me pesar. Onde parti porque me mandaram... Parti de outros pois me expulsaram. Então assim eu me parti. E hoje especificamente estou partindo o corpo... Estou cortando os braços  do meu coração... Por ódio, por raiva,por dor... Fui minha única traição.  Traí meu amor próprio... Aceitei meu inaceitável... Antes vidro...Agora descartável.  Estou fazendo cortes profundos... Vendo meu sangue escorrer pelos braços... Só quero acabar com a raiz de minha tolice! Estou sangrando por dentro Vazia de crendice... Aqui estou... Alma deitada, Corpo rejeitado, Sentimentos abafados no travesseiro... Mas amanhã de manhã serei riso... Colado com cuspe na cara de devaneio.

O que eu quero

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Eu quero saúde... Do tipo andar,correr,nadar,pular,ver... Eu quero algo simples: Você me ama e eu amo você.  Eu quero frases livres... Com emoções espontâneas sem direção.  Quero mais pureza: Intenção.  Real.Clateza. Eu quero doce lembrar... Do tipo que não dói recordar. Eu quero ter fome seguida de comida. Vontade suprida. Eu quero pedidos: De desculpa. De ajuda. De delírios... Eu quero um lugar. Do tipo em que eu possa ficar. Eu quero querer viver... Acordar, dormir,sonhar o amanhecer... Eu quero ser uma árvore. Do tipo que dá frutos. Para que quando caírem no solo... Sejam meus futuros . Eu quero  pelo meu suor o preço... Suor do meu trabalho  que  acho que mereço... Orgulho, utilidade e dinheiro.  Eu quero cantar o que sinto... Do tipo melódico e suavidade.  Eu quero subir a voz em hino  Descer notas em dramaticidade. Eu quero curvar a curva. Alongar ao limite o corpo. Eu quero ser ternura. Quero ser de outro. Mas não importa o que eu quero Não é  minha resposta divina. Depois de t

O meu lugar

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A primeira vez que eu a quis: Será que é tão doce ao aparentar? A segunda vez: Preciso de alguma forma comprar! A terceira vez: Nem é tão cara assim! Só preciso fingir, Primeiro preciso mostrar que sou feliz... A quarta vez: Já descobri como vou comprar! Nem preciso muito gastar! Algumas poucas moedas... Em grande quantidade me virá. A primeira prova: Parece realmente doce... Mesmo pelo muito mastigar. Então me pergunto: Até quando esse doce vai durar? A segunda prova: Ela é macia! Cor rosa natural... A terceira prova: Parece que a textura muda... Pelo processo talvez ,sem dúvida! Ela ficou mais áspera... E a cor ...Desbotada. Foi bom. Duração reprovada. Só  embalagem... Perda de tempo com saldo engano. O que poderia fazer? Nem caminho para jogá-la no lixo! Vou dar a ela seu último abrigo: Debaixo da mesa: Coisa sem cor e deformada... A quem interessa? Não tem valor e nada... Escondida e pedreficada.